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de body art e a partir daí nunca mais
parou de criar “obras”. Suas pinturas
de grafite têm uma identidade no
imaginário oriental, e além de perso-
nagens lúdicos, também desenvolve um
trabalho tipográfico.
A artista já participou de diversas ex-
posições em mostras, galerias e feiras,
além de realizar projetos municipais
e estaduais, como, por exemplo, no
Museu Aberto de Arte Urbana, Centro
Cultural da Juventude Ruth Cardoso,
Museu de Arte Moderna de São Paulo,
entre outros.
Atualmente, Katia se desdobra na
função de professora de arte e paisa-
gismo, freelancer no mercado da arte, e
faz parte do coletivo “Noturnas”. Já no
quesito futuro, a artista está planejando
a criação do livro “Rueiras SP”. Segun-
do ela, trata-se de um trabalho voltado
para a pesquisa em arte contemporânea
e produção cultural, onde será possível
conferir ilustrações e detalhes da práti-
ca de grafitar. “O livro tem como
objetivo mostrar, registrar e do-
cumentar a arte urbana feita por
mulheres da cidade de São Paulo,
defendendo como patrimônio
material regional. Atualmente,
conta com o levantamento de 42
mulheres que contribuem para
a cena do ‘Graffiti’ no período
entre 2005 e 2010”, detalha a
artista.
De acordo com Katia, o grafite
é visto por muitos como uma
pintura que transgride normas,
e o grafiteiro é frequentemente
considerado “marginal”, um
transgressor que invade o espaço
alheio, independentemente de
sua capacidade técnica e expres-
siva, ou até mesmo intenção.
“Hoje mesmo na cidade de São
Paulo, sendo a megalópole da picha-
ção, referência no mundo inteiro, ainda
existem algumas pessoas ignorantes
que acreditam que o grafite não se
difere da pichação, e ambos repre-
sentam o vandalismo. Mas acredito
que socialmente, e de uma forma
geral, o grafite é bem aceito. Por
exemplo, as classes A, B e C apenas
conhecem o grafite; e a classe D
aprecia e consome, pois tem o aces-
so total à arte do grafite nas ruas”,
afirma. A grafiteira ainda com-
plementa, dizendo que é simples
distinguir a pichação do grafite: “A
primeira contém apenas uma cor e
geralmente é feita através de letras,
e esta sim é arte crime; já o grafite
é feito com mais de duas cores, e
na maioria das vezes é ilustrado
por desenhos e fontes coloridas”,
conclui Katia.
Hoje em dia, o grafite é a busca pela
arte cultural, pois leva à essência con-
temporânea e, juntamente, uma crítica
social através das pinturas estilizadas
e não afinadas ao sistema político ide-
ológico dominante. Logo, para Katia e
seus companheiros grafiteiros, o grafite
não é arte somente porque compõe-se
de belos e coloridos desenhos. Segundo
ela, os grafiteiros idealizam um concei-
to de arte que visa ter o efeito prático
de singularizá-los como artistas, ou
seja, sair e pintar na rua em meio ao
turbilhão urbano, experimentando o
seu ambiente para, ao mesmo tempo,
criticá-lo quanto aos seus mecanismos
de exclusão social ou cultural. “Na
maioria das vezes esse veio alternativo
do grafite configura o viés artístico
que se alia ao cotidiano inusitado e se
opõe às artes tradicionais”, destaca a
grafiteira.
A grafiteira Katia Suzue