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Outubro 2012
PAINT & PINTURA
Influência da concentração dos
compostos orgânicos voláteis (COVs)
no desempenho de tintas decorativas
Artigo Técnico
O
Por Maurício Oliveira, Caroline Silva e Arlene Kita - Laboratório de Pesquisa & De-
senvolvimento e Aplicações de Polímeros da BASF
mercado brasileiro
de tintas é forma-
do por empresas
de grande, médio
e pequeno porte,
voltadas para o mer-
cado interno e externo com carac-
terísticas e necessidades específicas,
sendo um dos cinco maiores merca-
dos mundiais de tintas e correlatos,
representando um grande mercado
em potencial. De acordo com dados
da Abrafati, no ano de 2011 o volu-
me produzido de tintas para o setor
imobiliário foi de 1.119 milhões de
litros, representando um crescimento
de 3.2% em relação ao ano anterior.
Os programas governamentais de in-
centivo a construção civil, o aumento
do poder aquisitivo da população, a
qualidade de vida dos trabalhadores
e as questões ambientais têm exigido
dos fabricantes de tintas uma evolu-
ção de forma mais sustentável para
acompanhar o ritmo de crescimento
e as expectativas do mercado nacional
e internacional.
Nos últimos anos, o aumento da de-
manda por produtos sustentáveis e
menos agressivos ao meio ambiente
tem crescido e está impondo uma
tendência para o mercado de tintas.
Por essa razão, muitos fabricantes
de tintas e resinas estão buscando
gradativamente ações mais efetivas
que levam a redução da quantidade
de substâncias poluentes liberadas na
atmosfera, os chamados compostos
orgânicos voláteis (COVs). São clas-
sificados como COVs uma variedade
de compostos químicos que afetam
a qualidade do ar, podendo causar
diversos danos à saúde dos seres hu-
manos e animais, tais como, irritação
dos olhos, reações alérgicas, dores
de cabeça, problemas respiratórios,
efeitos neurotóxicos e carcinogênicos.
Existem inúmeras regulamentações
vigentes, sendo que as definições e os
requisitos podem variar entre elas. De
acordo com a Diretiva 2004/42/CE, da
União Europeia, COVs são quaisquer
componentes orgânicos com ponto
de ebulição abaixo ou igual a 250ºC
medido a 101,3kPa de pressão. Já a
Agência de Proteção Ambiental dos
Estados Unidos - US EPA (US Enviro-
mental Protection Agency) classifica
os COVs como qualquer composto de
carbono, exceto monóxido de carbono,
dióxido de carbono, ácido carbônico,
carbonatos e carbonato de amônia,
que participam de reações fotoquí-
micas na atmosfera. O Green Seal,
organização sem fins lucrativos que
possui regulamentações voltadas à
sustentabilidade, acrescenta à defi-
nição da EPA a questão da tempera-
tura de ebulição (280ºC medidos em
condições normais de temperatura
e pressão).
Nas formulações de tintas base água
para o setor imobiliário, são empre-
gados diversos compostos, dentre os
quais, os copolímeros obtidos pela
técnica de polimerização em emulsão
são um dos mais importantes na for-
mulação das tintas, sendo responsá-
veis pela formação do filme, fixação
das cargas e dos pigmentos, além de
resistir às expansões e contrações do
substrato, sem sofrer trincas ou desta-
camento. Uma das grandes vantagens
deste tipo de sistema é a utilização de
água, ao invés de solventes orgâni-
cos, uma vez que a preocupação com
fatores ambientais torna-se cada dia
mais evidente. No entanto, pequenas
quantidades de monômeros e COVs
inevitavelmente permanecem nas
partículas de polímero no final das
polimerizações, os quais são liberados
gradativamente durante o processo