Revista Paint & Pintura - Edição 255

ARTIGO PAINT&PINTURA | 11 que a expectativa da indústria. As experiências do cliente nas decisões sobre serviços, produtos, inspiração e cor, não caminharão dissociados das demandas de saúde e convivência social. Regulações e informações confiáveis de segurança, saúde e ações preventivas aumentam a confiança do consumidor para ir às lojas. O mesmo acontece para que o pintor possa entrar nas residências e em outros ambientes para execu- tar uma obra. As grandes marcas da indústria e varejo se movimentam para mitigar o problema de forma robusta, abrangente e responsável, para um retorno seguro ou ao consumidor. A RESILIÊNCIA DA REPINTURA AUTOMOTIVA As tintas de consumo estão influenciadas pelas diferenças regionais, evolução da pandemia e outros fatores particulares nos segmentos, como o de serviços de reparação automotiva. A repintura automotiva, este ano, experimentará, pela primeira vez emmuitos anos, uma queda de consumo pela redução de acidentes no trânsito e redução dos serviços de reparação. Porém, será, relativamente, uma das menores do mercado. A inusitada queda de volume da repintura automotiva em2020, combinada com as limitações de caixa no mercado, poderá induzir a uma revisão da tendência de proliferação de cores prontas, que além do efeito de redução de valor agregado, tem comprometido sobremaneira o capital de giro da cadeia. O tempo para se voltar aos sistemas de mistura de cores na repintura poderá ser acelerado na pós-crise, com redução nos estoques e aumento do valor agregado. A indústria automotiva original deverá ser um dos setores industriais com a maior queda de volume no ano, devido ao impacto do isolamento nas montadoras, produção e vendas e o contínuo impacto da redução das exportações. Mas o efeito net para a repintura automotiva deverá ser um encolhimento de negócios menor do setor de tintas, uma vez que a frota não deixará de crescer e a idade média do veículo aumenta, necessitando reparações. Outras variáveis como a flexibilização do seguro, serviços adicionais acoplados como pick-up& retorno, higienização, são algumas das necessidades valorizadas do cliente final que podemalavancar oumodificar os negócios da repintura. Os sistemas de mistura, mais que um fator de capital de giro, influenciam e são acoplados as outras necessidades do usuá- rio do veículo, como entrega do automóvel com serviços de qualidade e no tempo certo. Mais do que nunca, a reparação de qualidade invisível e no tempo certo fez parte da nova experiência do cliente. A CADEIA DE FORNECIMENTO A indústria de tintas no seu conjunto toma caminhos para a nova situação. Tão urgente quanto a conversa com clientes, é prioritária a conversa com fornecedores. Sabemos que 70% dos insumos de tintas são diretamente in- fluenciados pela taxa de câmbio emercado externo e, como tal já se sabe, serão impactados pelos novos preços do petróleo, pela nova paridade de dólar, pela disponibilidade demateriais e estoques instáveis, pelos rompimentos de contrato e tan- tos outros desafios. Existem fatores que se pode controlar e outros tantos que não se controlam. Porém, a produtividade operacional de valores é uma realidade. A falta de produtivida- de da cadeia de fornecimento deve ser combatida. O incentivo é o crescimento de mercado. As fontes de suprimentos no mundo podem se modificar ao longo do tempo, impactadas pela volatilidade. Em médio prazo, as fontes deverão fortemente focar no aumento da confiabilidade, se quiseremassegurar seus negócios. Não só o custo será importante, mas tambémo risco do fornecimento. As fontes asiáticas e outras que prevaleceramnos anos recen- tes por custo serão ponderadas também pelo risco. A nova ordemdomercado nos obriga a reposicionar inteligen- temente a distância entre o custo, a confiabilidade e o acesso instantâneo às novas tecnologias demandadas pelomercado, que até agora pareciam ser intangíveis e que agora poderão ser necessidade. O consumidor não espera uma redução de qualidade. A cadeia de fornecimento deverá estar engajada dinamicamente para não perder a demanda. Em uma recente live da TV Paint & Pintura de fornecedores e distribuição, concluiu-se que estamos focados nos recur- sos que possam interferir fortemente na produtividade. A digitalização de sistemas logísticos, administrativos, vendas e mesmo desenvolvimento de produtos podem trazer mais produtividade aos sistemas de serviços. O apoio tecnológico à cadeia de valor vai passar por modificações radicais para permitir ação conjunta com o fabricante do insumo e usuário final na transmissão de valor. A cadeia de suprimentos está sendo reavaliada pelo custo e risco. Antes da desglobalização, o mercado de matérias- -primas e insumos de tintas vai reavaliar a produtividade das fontes. Mais que a desglobalização, uma nova globalização pode ocorrer, onde se inclui também os insumos locais com- petitivos globalmente. A nova vocação-tecnológica da cadeia de fornecimento localizada passa pela competitividade e pela sustentabilidade. Para isto, as conversas estratégicas com fornecedor, distri- buidor e usuário são urgentes: O que modificar, pode ficar!

RkJQdWJsaXNoZXIy MTY1MzM=