Revista Paint & Pintura - Edição 262

SUSTENTABILIDADE PAINT&PINTURA | 53 educação e engajamento para entender o que é esse Mindset Circular, o que podemos conseguir daqui para frente, e não só no que temos. Desde 2018, vemos esse processo de educação acontecendo em grandes organizações do Brasil.” A Economia Circular é muito mais que otimização de proces- sos, mas umamudança realmente sistémica. “Umexemplo de desastre aconteceu em Brumadinho (MG), que teve impacto ambiental, social e financeiro. Essa é a realidade de uma eco- nomia onde se explora os resíduos, faz os produtos e deixa um passivo residual para traz. Essemodelo não cabemais no nosso cenário atual e é preciso repensar esse modelo. A Economia Circular traz um novo olhar de reavaliação dos processos pro- dutivos, é preciso redefinir produtos e consumo, e rever prin- cipalmente nossos valores, atitudes e relações comerciais. E hoje, a Covestromostra todos os novos produtos e tecnologias, ou seja, os avanços, na qual coloca a indústria num papel de liderança neste processo de transformação”, ressalta Beatriz. A Economia Circular não vempara solucionar os problemas da economia linear, mas vem para modificar o sistema e evitar os problemas, explica Beatriz. “Isso já é muito mais que uma simples tendência, é uma diretriz global, que está provocando um trabalho colaborativo entre Governos, empresas e socie- dade como um todo e no mundo inteiro. O plano de ação para a Economia Circular, que foi lançado em março, coloca que a União Europeia só será bem-sucedida se as suas ações também promoverema transição emnível global. É aí que entra o nosso papel e a nossa atuaçãonaAmérica Latina e Brasil. Fala também de um bem-estar além do PIB e essa colocação de uma aliança global para a Economia Circular. Vemos que emmenos de um ano, em fevereiro de 2021, essa intenção de criar uma aliança global foi efetivada com o objetivo de fornecer um impulso a esta discussão em nível global e, na sequência, vemos uma aliança acontecendo na América Latina, justamente com esse olhar de promover uma recuperação econômica de forma sustentável inclusiva, principalmente, pensando neste cenário atual pós-Covid-19 e de como vamos trazer esse olhar de um novo Mindset de negócios para este momento.” Os três pontos principais para essa transição, segundo o diretor geral da União Europeia, Daniel Calleja Crespo, são: engajamento, abordagem sistêmica e investimento, informa Beatriz. “Vemos aqui um papel importante da indústria nesta liderança para a transição e o olhar de escala e investimento. Assim, destaco o papel da Covestro e como está atuando nas ações do Hub de Economia Circular.” APRENDIZADO GLOBAL O primeiro grande aprendizado é que a tecnologia é somente uma parte da equação, é preciso trabalhar uma mudança cultural de como ter uma abordagem mais sistêmica para colocar em prática este desafio de implementação da Eco- nomia Circular, explica Beatriz. “Para isso, temos Centros de Pesquisas no Brasil desenvolvendo inovação tecnológica. O segundo grande aprendizado é o potencial de novos negócios dessas conexões inusitadas, ou seja, trazer essa ciência perto da prática em Ecossistemas Multisetoriais, por exemplo, um desafio do setor do agronegócio na produção de frutas pode ir para o setor, como de cosmético ou químico. Existe aí o papel do facilitador em identificar essas conexões inusitadas para geração de novos negócios. Temos como exemplo, quando começamos a trabalhar dessa forma sistêmica, a conexão entre Gerdau, Electrolux e Covestro, na qual começamos trabalhar umdesafio domercado que era a reciclagemda linha branca e percebemos que este era umdesafioda Electrolux, mas que po- deria beneficiar, tanto a Gerdau com a utilização do aço vindo dessa sucata, quanto a Covestro que poderia retirar o PU que está dentro da geladeira para fazer esse ciclo reverso. Essas conexões inusitadas parte de umdesafio de uma empresa que pode ser agregadas a outras empresas para criar um projeto sistêmico compartilhando riscos e resultados.” Tudo isso leva ao terceiro grande aprendizado, quemostra que a Economia Circular está provocando novas regras e valores, e é preciso criar essa nova governança sob a liderança da indústria, ressalta Beatriz. “É a indústria que vai liderar essa transformação, precisamos desenvolver um novo equilíbrio econômico e isso será criado por meio de Ecossistemas de Beatriz Luz, fundadora da Exchange 4 Change Brasil e líder no Grupo Hub de Economia Circular para o Brasil

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