Revista Paint & Pintura - Edição 277

ARTIGO TÉCNICO 56 | PAINT&PINTURA DIÓXIDO DE TITÂNIO: PENSANDO ESTRATEGICAMENTE UM DOS INSUMOS MAIS IMPORTANTES PARA A FABRICAÇÃO DE TINTAS Na Indústria de Tintas, o Dióxido de Titâ- nio, junto com as resinas corresponde, em média a 50% a 60% dos custos de produção de umrecobrimento. Levando em conta o enorme número de insumos necessários para fazer uma tinta, ter em mente que só esses dois itens represen- tam um impacto tão grande nos custos dos fabricantes de tintas, e o fato que o TiO2 tem um número limitado de forne- cedores emescalamundial (e com forte tendência a ainda maior concentração nos próximos anos), faz as decisões sobre essamatéria prima serem sempre tomadas com muito cuidado. Entretanto, embora o tambémchamado “Branco de Titânio” seja tão importante para esse segmento da indústria, e até mesmo por essa importância, muitas informações sobre o TiO2, são encober- tas pelas preocupações imediatas de sempre: disponibilidade, confiabilidade, constância de fornecimento, estabilida- de técnica e, obviamente, preço. Normalmente, quando falamos deDióxi- do de Titânio, objetivamente buscamos opacidade, brilho, proteção ao UV e refletir ou dispersar o espectro visível de Por Ivan Porccino, especialista emDióxi- do de Titânio da Química Anastacio modo a produzir a cor branca e “cortar cores”, mas há muitas outras aplica- ções onde o TiO2 tem presença forte comomasterbatches, PVC, papel, como agente catalisador, em alimentos, cos- méticos, e até mesmo em ração animal, mas ainda há algumas outras onde sua aplicação está crescendo rapidamente como em baterias de lítio onde é usado como anôdo, ou ainda como agente na purificação de água, e como aditivo em óleos lubrificantes. Ou seja, o Dióxido de titânio é versátil e embora o segmento Tintas seja de longe o maior consumidor, com apro- ximadamente 65% de participação, os outros segmentos estão gradualmente ganhando importância. Assim, vamos conversar umpoucomais sobre esse produto estratégico para nosso segmento. A capacidade instalada global é aproxi- madamente 8,5MMT/ano, e capacidade efetiva de aproximadamente 7.2 a 7.4 MMT/ano. Devido aos eventos inter- nacionais recentes 2022 será um ano atípico emque a produçãomundial cairá, o que por um lado drenará excesso de estoques decorrentes da desacelera- ção econômica na China, EUA, e outras regiões, mas impedirá a construção de estoques para 2023. O ciclo do titânio é bastante largo, e as variações abruptas como as que estamos acompanhando nesse momento, com aumentos e declínios dramáticos de preços estão fragilizando um setor que nos últimos 35 anos viu aumento de capacidades significativos apenas em um país, com apenas uma exceçãoemnosso continen- te. Na verdade, a capacidade instalada no Ocidente tem diminuído e o número cada vezmenor de companhias eplantas na Europa, EUA e inclusive no Brasil é prova disso. O que temos visto é que o “negócio de titânio nos últimos anos tem sido vender o negócio de titânio”. Entre os nomes mais reconhecidos que tínhamos a 10, 15 anos, resta apenas um. Os outros, todos, foram comprados, vendidos ou sofreram “spin-offs”. Além disso, a capacidade instalada no Ocidente não está acompanhando o crescimento da indústria e a diferença entre a demanda e a oferta tem sido por um lado coberta pela reorganização da demanda entre segmentos e por outro pelo crescimento vertiginoso da produ- ção na China, que hoje responde sozinha por quase 40% da capacidade instalada no mundo. Dessa forma o TIO2 por via sulfato ganha cada vez mais presença nas tintas decorativas. Enquanto isso, o TiO2 por via cloro supre a demanda de setores como o Automotivo, aeroes- pacial etc. No entanto, ainda há outros fatores a considerar, como por exemplo a disponibilidade de “Ti-Feed” (Minerais para a produção de TiO2), que estão com muito baixa disponibilidade, e em alguns casos como os Rutilos, insumo desejado para os TiO2 por via cloro, em queda desde 2017 e cuja disponibilidade cairá 45% até 2025. Para suprir essa demanda, nos últimos tempos, os grandes fabricantes de TiO2 ocidentais, assim como os maiores fabricantes da China, tem investido em mineração de Ilmenita e Rutilo - os dois minerais usados para fazer TiO2. Um desses fabricantes fez enormes investimentos em “smelters” (grandes fornos que operamemaltíssimas tempe- raturas) para produzir Rutilo Sintético a partir de ilmenita, mas enfrenta a anos atrasos no projeto. Ou seja, embora os grandes fabricantes ocidentais e chineses tenham feito enor- mes esforços para suprir o mercado, os desafios têm sido colossais. Mas os desafios dos fabricantes de pin- turas da América do Sul, não são meno-

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