Revista Paint & Pintura - Edição 279

ARTIGO 12 | PAINT&PINTURA Washington Yamaga, da Rácz, Yamaga & Associates Francisco Rácz, da Rácz, Yamaga & Associates Passadas as eleições e a Copa doMundo, é preciso encarar o intrigante ano de 2023 para a economia em geral e, em particular, para omercado de tintas. No ambiente externo global, os conflitos geopolíticos emcurso, a inflação global persistente, eventuais recrudescimentos da pandemia, as emergências climáticas e outros eventos continuam a fustigar volatilidades e incertezas desafiando as projeções para depois de 2023. Por outro lado, os desafios de um novo governo no Brasil, buscando o equilibro entre com- promissos, o crescimento e o déficit público, também se tornam fatores impactante em tintas. A grande febre de reformas emanutenção doméstica que impulsionou omercado de tintas imobiliárias durante boa parte da pandemia está arrefecendo, mas vem substituída pelo desafio de consumo sustentável da manutenção do- méstica/empresarial, das pequenas reformas e das novas construções. Voltamos à situação“normal” de consumode tintas emperspectiva severa. O investimento que omerca- do consumidor dedica ao tema demanutenção e expansão das edificações e novos usos de tintas compete agora com outros decisivos apelos de consumo e/ou investimento. Urge ser criativo para aumentar o “share of wallet”. O compromisso do setor de tintas coma sustentabilidade, traz oportunidades de se utilizar as temáticas do ESG na procura do aumento criativo do consumo de tintas per capita. Posicionar as marcas e gerar valor nessa perspec- tiva aumenta a intenção de compras e a confiança do consumidor. Tintas temuma extraordinária oportunidade de incrementar o acesso a uma nova geração de consumi- dores comesforço integrado em toda extensão da cadeia. O apelo além da estética são a proteção dos ativos, o au- mento dos ciclos de repintura, a redução de geração de resíduos e de emissão de solventes. Para tanto, a indústria de tintas deve valorizar aindamais sua oferta de produtos de alto desempenho. O segmento de tintas imobiliárias é responsável por 75% do volume vendas no Brasil e 55% do valor, portanto, é certamente o carro-chefe na geração de valor para o se- tor. É muito importante que o segmento retome índices de crescimento acima do crescimento do PIB, o que só se prevê para os anos futuros. Por outro lado, outros segmentos da indústria de tintas, certamente serão igualmente afetados pela conjuntura. O setor da indústria de tintas automobilísticas vendidas às monta- doras, as chamadas tintas automotivas OEM, tem experimentado uma reação nos volumes desde o grande impacto da pandemia em 2020, coma paralização das linhas de produção por várias semanas e um subsequente impacto sofrido pelas instabilidades no supri- mento de componentes. A evolução da produção de automóveis continua sendo afetada pela falta de componentes, limitando o crescimento dos volumes a um dígito, quando se esperava já em 2022 crescimento acima de 10%. A expectativa é que em 2023 o crescimento fique um pouco acima do ano atual, mas ainda não emdois dígitos, afetando proativamente a indústria de autopeças. No segmento de tintas industriais, além do impacto positivo em autopeças, se prevê a continuidade de um crescimento realista das tintas de manutenção, motivados pelo tema da proteção de ativos, das indústrias relacionadas com maquinário agrícola e de construção civil. A indústria de móveis e eletrodomésticos deverá seguir próximo à evolução do segmento de tintas imobiliárias, já que estão intimamente ligados à manutenção e expansão das edificações, com projeções conservadoras. Já o segmento de tintas automotivas After Market, a Repintura Au- tomotiva, deverá seguir o aumento da frota de veículos e do natural aumento do uso dos veículos. Historicamente este tem sido um segmento imune a crises. A frota de veículos circulantes temaumen- tado continuamente e deverá continuar assimpela próxima década. Assim, para 2023 se prevê que o mercado total de tintas, mante- nha as projeções conservadoras alinhadas a lenta recuperação da economia. Por Francisco Rácz e Washington Yamaga, sócios- fundadores da Rácz, Yamaga & Associates TINTAS BRASIL 2023 E A VISÃO PARA OS ANOS SEGUINTES

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