Revista Paint & Pintura - Edição 283

ARTIGO AS INOVAÇÕES EM TINTAS CRIAM VALOR E SUSTENTABILIDADE As inovações em tintas e revestimentos continuam gerando valor também para a indústria. Já foi dito que uma tecnologia disruptiva ou “inovação disruptiva” é uma inovação que cria um mercado e uma rede de valor, acabando por mudar um mercado existente e uma cadeia de valor. Isso pode acontecer emalguns anos ou levar décadas para se substituir tecnologias mais antigas. O termo “disruptivo” é usado nos negócios para descrever inovações quemelhoramumproduto ou serviço de uma forma não esperada comnovos consumidores, emnovos mercados e com preços até mais baixos que mercados exis- tentes. Isso pode acontecer com tintas em tempos menores que muitas das tecnologias que precederam a evolução mais recente em tintas. A inovação por si só, por outro lado, pode não criar mercados ou uma cadeia de valor, mas pode expandir os mercados existentes com adição de valor, permitindo que as empresas do mercado concorram de maneira inteligente por meio de melhorias sustentáveis ​em seus produtos e processos. Am- bos os tipos de inovação ocorreram e continuam a ocorrer na indústria de tintas em um ritmo acelerado. Mas é certo que as inovações impulsionam as forças competitivas influenciando, inclusive, as regulações. Muitas dos parâmetros de alianças e aquisições se lastreiam no conteúdo de investimentos e compromissos com P&D. O rápido aumento da inovação também é em grande parte uma resposta direta às questões ambientais e às pressões de políticas públicas associadas. As regulamentações ambientais influenciam fortemente os fabricantes formuladores de tintas. Os fabricantes e seus fornecedores devemcumprir os padrões ambientais existentes, enquanto monitoram futuros desen- volvimentos regulatórios. Isto é evidente em toda a cadeia de abastecimento, desde fornecedores de matérias-primas à fabricantes de tintas e fornecedores de equipamentos de aplicação, e a própria distribuição de tintas. Nos últimos 10 anos, amudança para produtos à base de água, que começou com tintas decorativas, reduziu as emissões de VOC em 80%. Hoje, 100% das tintas látex decorativos são à base de água. Por outro lado, também existem no mercado muitos sistemas de revestimento de veículos automotivos e industriais de alto desempenho à base de água. Ainda há pro- gressos a serem feitos na área de sustentabilidade ambiental, por exemplo, intensificar o uso de bio componentes, no trata- mento de resíduos durante a aplicação de tintas, sobretudo, na construção civil etc. A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL A aceleração da transformação digital globalmente de diversos processos é também uma oportunidade que impacta as tintas nos mercados emergentes. Na América do Sul o excedente de capacidade que temos na indústria de tintas no Brasil tem sido área de preocupação não somente pela capacidade volumétri- ca, mas também pela produtividade não competitiva. As em- presas já se preparampara nova geraçãode equipamentos com processos de alto giro suportados digitalmente. As empresas já se movimentam para maximizarem a utilização e o acesso às novas tecnologias digitais em mercados transnacionais, especialmente direcionadas para regiões como a América do Sul. Existe a capacidade instalada emmáquinas e equipamen- tos, mas deveríamos acelerar o aumento da produtividade e a consistência. A INOVAÇÃO NECESSITA DE TEMPO E TALENTOS Para os próximos 10 anos, a indústria de tintas em geral e, em especial, na América do Sul, pode ser impactada pela degra- dação e esvaziamento do seu conteúdo de conhecimento e desenvolvimento dos talentos. No Brasil, as empresas médias de tintas, no mesmo período, fizerammaiores progressos em ganhar mercados e resultados financeiros, do que as denomi- nadas grandes ou globais. Estas empresas de sucesso reagiram à tendência de se tornarem engessadas ou burocráticas. E a maioria das empresas de sucesso se concentrou em nichos de mercado, por uso final ou geográfico. Aliás essa observação se aplica também aos mercados globais O empoderamento digital do consumidor obrigou as or- ganizações a estimularem a cultura da ação e da inovação tentando mudar o perfil das organizações para mais diver- sidade e multidisciplinaridade. A reativação dos centros de excelência emuniversidades e os aceleradores de startups em tintas no Brasil começaram a tomar formato nos últimos anos modificando não somente a tecnologia da tinta, assim como o processo de P&D, marketing e supply chain da indústria. As ações de P&D passaram a ser localizadas e globalmente conectadas. O investimento focado emespecialização acelera o crescimento. Um dos desafios da indústria de tintas e da indústria de materiais para tintas está na redução do tempo para desen- volvimento de tecnologias e processos utilizando-se das pla- taformas digitais de busca de matérias-primas e formulação não somente intercompany, como também conectados a fornecedores e clientes. A tendência para mercados emer- gentes é o estabelecimento de alianças com detentores do know-how e clientes parceiros para redução dos tempos de validação por meio de protocolos. Existe carência de talentos especializados e experientes para acelerar as implementa- ções. Uma oportunidade para monetizar investindo mais na retenção de talentos, desta indústria. Existem exemplos em outras indústrias que aceleraram e ganharam estatura global em seus negócios investindo nos talentos.

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