Revista Paint & Pintura - Edição 302
ARTIGO 26 | PAINT&PINTURA | JAN/FEV 2025 Washington Yamaga, da Rácz, Yamaga & Associates Francisco Rácz, da Rácz, Yamaga & Associates Por Francisco Rácz e Washington Yamaga, sócios- fundadores da Rácz, Yamaga & Associates A indústria de tintas na América do Sul se encontra em um ponto de inflexão. A crescente demanda por sustentabilidade, a volatilidade do mercado global e as exigências dos con- sumidores por produtos mais inovadores e acessíveis estão pressionando as empresas a repensarem suas operações. No centro dessas mudanças está a cadeia de suprimentos, um elemento fundamental, mas frequentemente vulnerável, que define a capacidade do setor de crescer de forma sustentável. Comgrande parte dos insumos importados, comomonômeros- -resinas, pigmentos, aditivos e solventes, o setor enfrenta desafios estruturais e conjunturais que podem inviabilizar o crescimento se não forem tratados com estratégias robustas e eficazes. As percepções deste artigo exploramos desafios da dependência de insumos internacionais, as oportunidades de regionalização e os possíveis caminhos para um supply chain resiliente que integre sustentabilidade e inovação. 1. CADEIA DE SUPRIMENTOS NA INDÚSTRIA DE TINTAS: UMA ANÁLISE DE RISCOS DEPENDÊNCIA DE INSUMOS IMPORTADOS A América do Sul, incluindo o Brasil, depende significativa- mente de insumos importados para a produção de tintas. Resinas-monômeros, aditivos especiais e pigmentos, muitos dos quais são derivados do petróleo, vêmpredominantemente de mercados como Estados Unidos, Europa e Ásia. Segundo a própria indústria de tintas o conteúdo de importados de matérias-primas diretas ou indiretas utilizadas na produção de tintas no Brasil está acima de 70%, tornando o setor altamente sensível a fatores externos. Impactos Globais Recentes Flutuações Cambiais: Em 2024, a desvalorização do real frente ao dólar elevou em mais de 20% o custo de insumos impor- tados, pressionando margens e dificultando a precificação competitiva. Crises Logísticas: Durante a pandemia de COVID-19, a inter- rupção das cadeias globais resultou em aumentos de até 40% nos custos de frete marítimo e atrasos médios de 45 dias na entrega de matérias-primas essenciais. E as dificuldades e custos alto continuam. Tensões Geopolíticas: A guerra na Ucrânia impactou direta- mente a disponibilidade de óxido de titânio, um pigmento crítico para tintas brancas, causando aumentos globais nos preços e forçando empresas sul-americanas a buscar alterna- tivas. E há uma continuidade de riscos geopolíticos. Esses fatores resultam em instabilidade nos preços finais, dificuldade em atender à crescente demanda do mercado e um distanciamento das metas de sustentabilidade. Para um setor onde a competitividade e a inovação são essenciais, esses desafios destacama urgência de uma reestruturação profunda na cadeia de suprimentos. 2. REGIONALIZAÇÃO: O CAMINHO PARA A RESILIÊNCIA Uma das estratégiasmais promissoras e frequentementemen- cionadas para superar os desafios da dependência externa é a regionalização da produção. Isso envolve a diversificação de fornecedores e o fortalecimento de capacidades locais para produzir insumos críticos. O Fortalecimento da Produção Local O Brasil possui potencial para liderar essa regionalização na América do Sul. A indústria petroquímica brasileira, uma das maiores da região, pode ser uma aliada estratégica na produção de resinas, solventes e outros insumos derivados de petróleo. Empresas têm expandido suas operações para incluir a produção de biopolímeros que atendemàs demandas do setor de tintas. NOVA CADEIA DE SUPRIMENTOS: PILAR ESTRATÉGICO PARA O FUTURO SUSTENTÁVEL
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