Revista Paint & Pintura - Edição 304

ARTIGO 42 | PAINT&PINTURA | ABRIL 2025 Washington Yamaga, da Rácz, Yamaga & Associates Francisco Rácz, da Rácz, Yamaga & Associates Por Francisco Rácz e Washington Yamaga, sócios- fundadores da Rácz, Yamaga & Associates A indústria de tintas no Brasil, historicamente, cresce em ritmo alinhado ao Produto Interno Bruto (PIB), mas muitas vezes apresenta uma performance inferior a de outros países da América do Sul. Essa dinâmica gera impactos significativos para o Brasil e a região como um todo, trazendo desafios e oportunidades de médio prazo para o setor. BRASIL E A PERDA DE PROTAGONISMO REGIONAL Embora o Brasil ainda seja o maior mercado de tintas da América do Sul em volume e valor, o crescimento projetado mais acelerado de mercados, como o colombiano, o peruano e o paraguaio estão mudando o equilíbrio competitivo. Esses países têm se destacado por suas economias mais dinâmicas, investimentos em infraestrutura e expansão da construção civil, segmentos que impulsionam diretamente a demanda por tintas. Essa tendência pode levar à redução do protagonismo brasi- leiro no cenário regional. Empresas globais podem começar a priorizar investimentos em países com maior crescimento projetado de mercado, especialmente se perceberem que a demanda por tintas emmuitas regiões do Brasil está saturada ou estagnada emsegmentos-chave, como tintas arquitetônicas tradicionais em São Paulo, onde a demanda per capita tende à estagnação. IMPACTO NOS INVESTIMENTOS E NA ESTRATÉGIA DE INOVAÇÃO O dinamismo dos mercados vizinhos pode redirecionar os in- vestimentos das multinacionais. Fabricantes globais de tintas podem fortalecer suas operações em países como Colômbia, Paraguai ou mesmo Argentina - que está em franca recupera- ção - atraídos por melhores perspectivas de crescimento. Ao mesmo tempo, empresas brasileiras podembuscar compensar a menor expansão doméstica diversificando suas operações e explorando mercados regionais ampliados. Para o Brasil, isso significa a necessidade de adotar estratégias mais agressivas, regionais e abrangentes, focadas em inovação e diferenciação. É fundamental que o país não apenas busque semanter relevante, mas tambémexplore parcerias e sinergias commercados vizinhos para se beneficiar de seu crescimento. INOVAÇÃO: UM CAMINHO NECESSÁRIO PARA O BRASIL Emummercado onde o crescimento está diretamente associa- do à inovação, a indústria de tintas brasileira precisa acelerar seus investimentos empesquisa e desenvolvimento. Soluções tecnológicas, como tintas inteligentes, nanotecnologia e pro- dutos sustentáveis, são fundamentais para atender às deman- das dos consumidores e aos novos regulamentos ambientais. Além disso, a inovação pode ser uma ferramenta para se diferenciar em mercados mais competitivos. Pinturas fun- cionais, que vão além da estética e oferecem propriedades como resistência térmica, redução do consumo energético e proteção contra corrosão, podem ajudar a indústria brasileira a conquistar novos mercados. INTEGRAÇÃO REGIONAL E CONCORRÊNCIA Os mercados em crescimento na América do Sul representam uma oportunidade para o Brasil expandir suas exportações de tintas ou sistemas de pintura. No entanto, é necessário que as empresas brasileiras superemdesafios como a competitividade de preços e barreiras tarifárias. Incentivos fiscais e acordos co- merciais regionais podem ser instrumentos importantes para alavancar a presença brasileira nos mercados vizinhos, mas, sobretudo, uma oferta de produtos e serviços competitivos e inovadores é a chave do sucesso. A diversificação das exportações também é crucial. Em vez de focar apenas em tintas arquitetônicas, as empresas brasileiras podem explorar segmentos como tintas industriais e de ma- nutenção, onde a demanda em países como Peru e Chile está crescendo significativamente. O FUTURO CICLO DA INDÚSTRIA DE TINTAS DO BRASIL NO CENÁRIO SUL-AMERICANO

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