Show do Pintor Profissional - Edição 191

SHOW DO PINTOR • DEZEMBRO 18 14 PERDAS NO VAREJO O caminho em que as tintas percorrem para chegar e ficar na loja, até quando for comprada pelo consumidor final, é longo. Durante a jornada desse produto, muitos imprevistos podem acontecer como, por exemplo, armazenamento ina- dequado, estrago, quebra, embalagem amassada e, como consequência, não ser vendido ao consumidor; e até mesmo o roubo. Estas e outras perdas consomem parte significativa da receita do lojista. Os números são da Associação Brasileira de Prevenção de Perdas (Abrappe), que reuniu 100 empresas de 11 segmentos diferentes para discutir o tema. A conclusão foi que, juntando todas as perdas, o prejuízo calculado foi de aproximadamente R$ 19,5 bilhões da receita do setor em 2017. Com este valor somente, seria possível montar a sexta maior empresa varejista do Brasil em faturamento, segundo informação da Abrappe. LUCRO EM PEDAÇOS As quebras operacionais somadas de aproximadamente 35% representam significati- vos impactos nas perdas como um todo. Problemas como furtos e roubos somam 44%, e falhas operacionais 19%. Para Lenivaldo Barros, vice-presidente da Abrappe, o im- portante passo para mitigá-las seria que o varejista conhecesse a origem do problema, sendo imprescindível que ele tenha implementado mecanismos de controle confiáveis que possa facultá-lo periodicamente, aferir o quanto perde e quais são as origens das perdas. Barros lembra que as pequenas e médias empresas são as que mais sofrem. “Ainda existe uma gama enorme de empresas, principalmente médias e pequenas que não têm nenhuma estrutura capaz de permitir a aferição de suas perdas. As medi- das redutoras das perdas, em decorrência das quebras, passam intrinsecamente pela necessária revisão constante dos procedimentos adotados, independentemente do porte da empresa. Não se pode esquecer que aquilo que foi eficaz ontem, hoje pode já não surtir o efeito. Há de se considerar que cada segmento tem as suas peculiari- dades e, todavia, alguns já estão à frente com boas estruturas, com elevado nível de maturidade preventiva, processos e controles bem ajustados e boas ferramentas de acompanhamento; no entanto, não se pode acomodar, pois é necessária a revisitação periódica para revalidação ou correção dos pontos que não estão em linha com as boas práticas do negócio”. Medida também de grande relevância na contribuição da redução das perdas é a di- reção da empresa passar a ser mais holística quanto aos impactos gerados pelas per- das no resultado final e, desse modo, apoiar firmemente a equipe de especialistas em prevenção de perdas, a qual deve contar com autonomia para identificar, corrigir e/ou propor soluções visando a rentabilização cada vez maior do negócio. Deve ficar a cargo de tais profissionais, a implementação de um bom programa de prevenção de perdas que realmente contribua com a estratégia da empresa. “É sabido que as empresas que mantém estrutura mínima de retenção de perdas têm a seu favor um fator competitivo muito forte ao qual consiste equilibrar os níveis de perdas e os manter dentro dos pa- tamares projetados para propiciar maior segurança e assertividade no planejamento e na tomado de decisão”, conta Barros. MERCADORIA VENCIDA É um grande desafio calibrar esta questão, principalmente considerando a especifici- dade de determinados níveis de produtos. Um dos pontos a ser muito bem avaliado pelo varejista é manter sob o controle o histórico de demanda e, assim, equalizar o vo- lume de estoque e estimativa de demanda em determinado espaço de tempo. “Acon- selho ficar atento aos sinais do mercado e do comportamento do consumidor daque- EVITANDO PREJUÍZOS VAREJO REGISTROU ÍNDICE DE 1,29% EM PERDAS SOBRE O FATURAMENTO LÍQUIDO. SANAR O PROBLEMA É QUESTÃO DE SOBREVIVÊNCIA le produto, que é essencial para evitar perdas. Fazer um bom controle de estoque vai ajudar sobremaneira a evitar que, em algum momento, haja necessidade de se abrir mão de elevados descon- tos para fazer girar o produ- to próximo ao vencimento, comprometendo as margens de lucratividade. Ainda as- sim, é de suma importância reavaliar periodicamente os mecanismos de contenção, ou seja, se estes estão fun- cionando ou se há necessi- dade de um novo direciona- mento a ser proporcionado pelas pessoas que estão engajadas ao tema. Contar com tecnologias que permitam a sinalização de produtos que es- tão a vencer em determinado lapso de tempo; isso é essen- cial e, todavia, vai mitigar muito as perdas”, conta Barros. Mas nada disso será eficaz se o varejista, ao receber o impute ou sinal, não agir dentro do tempo necessário para fazer girar o estoque antes do vencimento. Envolver os funcionários, sem exceção, é uma forma de fazer com que todos, de fato, este- jam conscientizados sobre a necessidade de mitigar as perdas e fazer valer as diretrizes definidas, como por exemplo, garantir que os produtos mais antigos sejam priorizados nas reposições ou na exposição no chão de loja. É por meio do envolvimento e do foco de todos que a empresa pode tirar proveito de toda a estratégia predefinida.    ZERANDO AS PERDAS Para a Abrappe, o inventário é a única ferramenta capaz de apontar as divergências e, por conseguinte, permitir a adequa- da atualização do estoque sistêmico ou contábil. “Portanto, não há de se falar em níveis de perdas de maneira assertiva, sem que a empresa tenha em seu escopo operacional esta importantíssima ferramenta. Costumo dizer que inventário é reativo, ou seja, uma ação realizada após o acontecimento dos fatos; porém, na verdade, se trata do único mecanismo capaz de apontar quanto se perde, o que se perde, assim como o produto que mais se perde”, acredita Barros. É a partir da análise do inventário que se deve avaliar qual é a melhor ação a ser implementada, visando corrigir erros opera- cionais e identificar os pontos mais vulneráveis dentro do am- biente físico, a partir da exposição de certos produtos, assim como também apontar os “best-sellers” em perdas, ou seja, os ditos produtos “PAR” (Produto de Alto Risco). Não menos importante, há de se garantir que os responsáveis pela re- alização e análise do inventário sejam pessoas experientes e com conhecimento do negócio. Um inventário realizado e analisado sem qualidade pode comprometer toda a estraté- gia da empresa.

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