Show do Pintor Profissional - Edição 204

SHOW DO PINTOR • MARÇO 2020 11 expandindo os conhecimentos culturais - as mulhe- res são levadas para conhecerem museus, teatro e atividades recreativas. “Já atendemos desde mulhe- res que tiveram o seu corpo todo marcado por vio- lência doméstica e, no final do projeto, saíram desta situação, trabalhando e com carteira assinada; até mulheres que, após as aulas, entraram no ramo de empreendedorismo e hoje têm a sua própria empre- sa, como é o caso da Geisa Garibaldi, proprietária do Cimento Rosa”, revela Jacqueline Cruz, coordenadora- -pedagógica do projeto. DIVERSIDADE NO CANTEIRO DE OBRA Priscila Vaiciunas é formada em edificações pelo Cen- tro Paula Souza e criou a Manas à Obra, empresa que oferece serviços de manutenção preventiva e corre- tiva, pintura e reformas em geral com mão de obra, em sua maioria formada por mulheres e transexuais. A ideia da empresa surgiu quando Priscila estava de- sempregada; uma amiga a incentivou a fazer serviços de reformas no padrão marido de aluguel. “Já escutei DESAFIOS Sheila conta que realiza vários serviços no período noturno, quando os estabelecimentos comerciais po- dem receber prestadores de serviço sem interromper o atendimento ao público, mas tem dificuldade de encontrar pintoras para trabalhar em conjunto. “Para grandes obras, sempre preciso de ajudantes e dou preferência em contratar mulheres, mas infelizmen- te não é fácil ter pintoras disponíveis. Algumas não podem porque precisam ficar com os filhos, outras o marido não deixa trabalhar de noite. São dilemas que os homens não vivem”. Priscila já percebeu a mesma dificuldade e, para faci- litar o processo de contratação, sempre que possível, flexibiliza o horário das colaboradoras. “Sei dos dile- mas vividos por elas e tento criar cargas horárias dife- renciadas”. Mas, mesmo com a flexibilização, Priscila conta que tem dificuldade em encontrar mão de obra feminina e faz parcerias com instituições de ensino para contratar as colaboradoras capacitadas. Engana-se quem pensa que o peso é um empecilho para as mulheres atuarem no ramo. Jacqueline conta que durante o curso, as meninas aprendem a maneira mais ergonômica para transportar um saco de cimen- to ou a lata de tinta. “Quando algo pesado é manu- seado da maneira errada, pode machucar a coluna, mas sem a técnica correta, tanto a mulher quando o homem pode ser prejudicado”, finaliza a coordenado- ra pedagógica. muitos relatos de mulheres assediadas por prestado- res de serviços e outras que ficam inseguras de rece- ber homens dentro de casa quando estão sozinhas. Já a vontade de atender ao público LGBT - lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros - sur- giu após um amigo do ramo de telefonia comentar que um grupo de colegas virou motivo de piada após atenderem um travesti. Nesta época, estava estrutu- rando a minha empresa e decidi especializar o meu trabalho nestes dois públicos”, explica Priscila. Priscila e Sheila tem outro ponto em comum: as duas compartilham do mesmo desejo de ajudar que mais mulheres atuem na construção civil. Priscila está orga- nizando um projeto social para capacitar mulheres de baixa renda e a Sheila sonha em criar uma cooperativa focada emmulheres. Elas reconhecem o poder transfor- mador que a construção civil trouxe a vida delas e que- rem que outras mulheres também sejam beneficiadas. Sheila Cristina Camargo, pintora Jacqueline Cruz, (foto acima) coordenadora pedagógica do projeto Mão na Massa (foto ao lado)

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