Show do Pintor Profissional - Edição 204

SHOW DO PINTOR • ABRIL 2020 16 PROJETO SOCIAL CONSTRUÇÃO É PAPO DE MULHER ENSINO TÉCNICO ÀS MULHERES INTERESSADAS EM REFORMAR SUAS PRÓPRIAS CASAS A imponência femi- nina reina nos lares. Em sua maioria, são as mulheres que cuidam da casa, lim- peza, em preparar as refeições, cuidar dos filhos e, ain- da, trabalhar fora... E se além de tudo isso, elas também comandassem as obras e reformas de seus espaços? É com esta proposta que a Arquitetura na Periferia, do Insti- tuto de Assessoria a Mulheres e Inovação - IAMÍ, de Belo Horizonte (MG) foi uma das finalistas na categoria Cidades Sustentáveis e/ou Inovação Digital do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2019. A iniciativa conquistou o 2º lugar e recebeu R$ 30 mil pela metodologia, além de certificação de Tecnologia Social. “É o reconhecimento social, fica- mos satisfeitas em entender que nosso método é uma tecnologia que pode ser reaplicada. Além de tudo, a certificação é importante, pois ela transmi- te confiabilidade em nosso trabalho e nos possibilita investir em parcerias, editais e novos projetos. E o incentivo financeiro ajudou a construir nos pri- meiros meses de 2020, auxiliou a manter atividades administrativas e nos organizar para dar continuidade ao projeto”, conta Mari Borel, arquiteta da iniciativa Arquitetura na Periferia. O projeto Arquitetura na Periferia reúne e capacita mulheres para indepen- dência do instalar, reformar e construir a sua própria casa. O grupo atua no oferecimento de assessoria técnica a grupos de mulhe- res da periferia por meio de um processo em que elas são apresentadas às práticas e técnicas de projeto e plane- jamento de obras, e recebem um microfinanciamento para que conduzam com autono- mia e sem desperdícios as reformas de suas casas. Fa- zendo a diferença na vida de mulheres desde 2014, a me- todologia atendeu 61 mulheres, e teve 300 pessoas impactadas diretamente. A iniciativa de promover a me- lhoria da própria casa transfor- ma também a autoestima das mulheres. “A grande maioria delas demonstra inicialmen- te certa dependência da figura masculina para consertar um vazamento ou mudar uma pia de lugar. São reparos pequenos, mas que têm importância no dia a dia. E quando elas entendem que são capazes de fazer esses trabalhos, nos rela- tam que a melhoria vai além da moradia, se tornam mais autoconfiantes. São transformações sociais, elas ficam mais fortalecidas”, explica Mari. Todo o processo de planejamento das obras funciona como um grande aprendizado. As mulheres aprendem a medir, desenhar, planejar e executar alguns serviços de construção. Todas as atividades são realizadas em grupo e todas as decisões são tomadas de forma cooperativa. Assim, as partici- pantes se tornam não somente beneficiárias, mas protagonistas do projeto. COMO SURGIU Em 2013, durante a pesquisa para o mestrado, a arquiteta Carina Guedes expandiu seu olhar e se entregou para desenvolver uma metodologia vol- tada a uma grande parcela da população que autoproduz suas casas sem assessoria e formação técnica, resultando em moradias com recursos es- cassos que são desperdiçados. Neste cenário, a tomada de decisões quanto à produção do espaço é incumbida ao homem, restando - na maioria das vezes - às mulheres a tarefa de manutenção dos afazeres domésticos. PLATAFORMA ONLINE Para manter o projeto em funcionamento e, assim, poder alcançar mais fa- mílias, foi lançada uma campanha para que interessados em contribuir com o projeto possam se tornar apoiadores mensais. A partir de R$ 12 é possível apadrinhar o Arquitetura na Periferia. Saiba mais aqui : www.catarse.me/ arquiteturanaperiferia ENCHENTES Os resultados das fortes chuvas que causaram enchentes em Minas Gerais chamaram atenção do Arquitetura na Periferia. A iniciativa fez uma visita técnica às casas mais atingidas na ocupação Paulo Freire no Barreiro, em Belo Horizonte, para verificar possibilidades de medidas paliativas e mini- mizar danos. Por meio de doações arrecadaram verba para a compra dos materiais necessários. As instalações e obras ficaram a cargo das moradoras das casas afetadas. “É o reconhecimento social, ficamos satisfeitas em entender que nosso método é uma tecnologia que pode ser reaplicada. Além de tudo, a certificação é importante, pois ela transmite confiabilidade em nosso trabalho e nos possibilita investir em parcerias, editais e novos projetos”. Mari Borel, arquiteta da iniciativa Arquitetura na Periferia

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