Show do Pintor Profissional - Edição 207

SHOW DO PINTOR • JUNHO 2020 26 ARTIGO FAÇA VOCÊ MESMO OU NÃO, EIS A QUESTÃO! Por André Nogueira O “faça você mesmo” nasceu nos Estados Uni- dos, também conhecido como “Do Your Self” ou “DIY”. É uma ferramenta mercadológica mui- to comum em países do primeiro mundo, onde o próprio cliente faz seus pequenos trabalhos sem a necessidade de contratação de profissio- nais. No Brasil, vem ganhando força nos últimos 20 anos e acabou sendo uma ferramenta muito importante para muitos fabricantes de diversas áreas de segmentos de produtos. Na pintura, o “faça você mesmo” tem um caráter quase lúdi- co, na transformação de pequenos ambientes, na possibilidade do uso de cores, no artesanato e em uma atividade relaxante e prazerosa, chan- celando a execução de uma grande máxima do mercado de pintura, que é a expressão “rolar tinta”. É percebido neste mesmo mercado de tinta, um movimento onde alguns pintores pro- fissionais e que algumas empresas de tintas vêm trabalhando para que o “faça você mesmo” não seja multiplicado, e que seja em muitas das ve- zes desestimulado. O importante a saber é que o adepto do “faça você mesmo” já não seria um cliente do pintor profissional. O cliente do “faça você mesmo” é diferenciado e é engrossado por dois grandes grupos: O pri- meiro é por aqueles que não têm um capital para contratação de um pintor, cujo único recur- so seria eles mesmos fazerem as atividades de pintura. O principal é o “hobbysta”, o que trata a pintura como hobby, nas horas vagas e em ativi- dades pequenas, este não irá chamar um pintor para pintar sua parede de forma alguma, pois é ele que quer dar vida ao seu ambiente e é ele que quer sentir o prazer da transformação da parede do quarto do seu bebê, do seu quarto ou sala, ou até mesmo do seu home office. Esse pintor amador chamado de “hobbysta”, em hipótese al- guma irá assumir uma pintura maior do que uma parede ou um cômodo, onde estiver envolvido aplicação de fundos ou massas niveladoras e até mesmo correção de patologias na pintura. Para essas atividades, ainda será necessária a exper- tise e a competência técnicas do grande pintor profissional. Para o pintor profissional, é preciso entender que o “faça você mesmo” é uma ferra- menta comercial muito importante para vendas e é uma bobagem buscar conflitos com um nicho de mercado tão pequeno, e que muito do “faça você mesmo” acaba virando uma atividade extra para o próprio pintor, pois o que o cliente acha- va que seria uma simples pintura acaba virando, muitas das vezes, em um grande pesadelo... En- tão, porque não estimular o “faça você mesmo”? Faça! E quando precisar da correção, estaremos lá, para cobrar a atividade de pintura e retrabalho que será realizado. Infelizmente, não sabemos o número exato de pintores que temos em nosso país, mas o Brasil possui 210 milhões de habitan- tes e, se dividirmos por um número X de pintores, a relação clientes por pintores será ainda muito, muito alta. Portanto, o “faça você mesmo”, não deve atingir no “chutômetro”, nem 0,1% do volu- me de pintura que temos no mercado. É tudo uma questão de entendimento, se você estiver perdendo clientes por causa do “faça você mesmo”, a culpa não é da ferramenta merca- dológica “DIY”, e sim da forma como você está en- carando este novo mercado que se apresenta ou da importância que você está dando a ela. Como proibir o cliente do “faça você mesmo” de pintar sua própria parede? Um pintor profissional tem que ser ater a sua real necessidade na pintura, ter consciência de suas competências, profissiona- lismo e procurar vender o seu serviço a quem de fato o procura e necessita. E são muitos... A você, amigo pintor profissional, um bom conse- lho seria: - Esqueça o “Do Your Self” que o cliente queira adotar! Pratique o “faça você mesmo” em seu negócio, busque soluções em algo palpável e em coisas que você possa ter controle, porque por mais que queremos, nem sempre será possível in- terferir em tudo, até porque o contrário também é verdadeiro, ou será que quando queima uma resistência de chuveiro em sua casa você pede ao eletricista para fazer a troca, pense bem... Nem tudo é possível, mas também nem tudo é proibi- do. Então, “bora aplicar tinta”, por que o que não falta e, graças a Deus, nunca irá faltar é muita pa- rede, muitas madeiras e metais para nós pintar- mos. Deixe-o “faça você mesmo”, o “Do Your Self” ou “DIY”, acontecer. Ele sempre terá pouca ou quase nenhuma relevância e isso não é opinião, são números de mercado mesmo. Fica a dica! André Nogueira, professor, químico e especialista em tintas e pinturas

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