Show do Pintor Profissional - Edição 209

SHOW DO PINTOR • AGOSTO 2020 26 ARTIGO Se tem uma resposta na ponta da língua de qual- quer pintor é sobre o seu tempo de atividade na área. Você não vai encontrar ninguém com média mínima de 15 anos de pintura. Outro dia, conversava com um profissional e perguntei o seu tempo de pintura: 20 anos foi a resposta. Logo em seguida, perguntei sua idade: 28 anos. Olhei e pensei: ele começou a pintar aos 8 anos de idade. E o pior, se lembra. E eu nem me lem- bro qual foi a tinta que recomendei ao meu últi- mo cliente... Brincadeiras à parte, o caso é sério. Como mensurar o tempo de pintura de um pro- fissional que começou muito cedo? Como consi- derar esse tipo de “tempo” com tão pouca idade e que tipo de atividades ele fazia. Se for para en- trar nesta linha, a primeira vez que pisei em uma obra com meu pai eu tinha 9 anos de idade e lá continue por muitos anos. O problema é que eu não me lembro de quase nada, devo então con- siderar isso como tempo de serviço? O que mais me chama a atenção não é o tempo na área de pintura, mas o tempo real em que você se tornou pintor! Em que momento isso aconteceu? Com todo respeito à categoria, conheço pintores com mais de 20 anos de profissão que mal sabem rolar tinta na parede, pintores que não buscam qualificação, pintores que pararam no tempo e batem no peito com orgulho: sou pintor há tan- tos anos. E mal conseguem diferenciar uma apli- HÁ QUANTO TEMPO VOCÊ É PINTOR? Por: André Nogueira, professor, químico e especialista em tintas e pintura cação de tinta fosca, acetinada ou semibrilho. O pintor se acostumou a viver em uma bolha, em um mundo fechado com pouca exploração e que, de uma hora para outra, teve a “casa vi- rada” de cima para baixo ou vice e versa. Hou- ve uma revolução no mercado de pintura, tanto para fabricantes quanto para pintores, faltou a busca pela melhoria constante! Agora, rolar tin- ta não é mais suficiente, é preciso conhecer de produtos, de aplicações, dos diversos tipos de preparações de superfícies, normas, ferramentas de pintura, cores, vendas, são tantas coisas e as inovações não param. E o pintor onde se encaixa neste novo mecanismo de inovação? Hoje, temos além de diversas ferramentas, equi- pamentos de alto desempenho tanto para o lixa- mento, quanto para aplicação de tinta. Mas volto a dizer, o problema não está na quantidade de inovação disponível no mercado de pintura, mas sim no quão apto o profissional está para usar tudo isso que está sendo apresentado. Treina- mentos, cursos, certificações estão sendo ofere- cidos e quantos de fato utilizam estas ferramen- tas? Está na hora dos pintores provocarem uma mudança de 180 na forma de como realizar as suas atividades do dia a dia. Nunca o mercado esteve tão preparado para essas mudanças, os fabricantes de acessórios e de produtos são os principais parceiros para essa nova visão e são os primeiros que devem ser procurados na busca de soluções. Outra coisa importante a ser dita, é que existem movimentos específicos para os pintores, como MBPM e ABRAPP, onde os pro- fissionais vão encontrar não só um suporte para poderem realizar suas atividades com melhor desempenho, mas colegas de trabalho, pintores falando com pintores, usando o dialeto e a gíria do pintor, fazendo a transformação no mercado da pintura e onde a opinião de cada profissional conta. Portanto, amigos pintores, apresento-lhes um leque vasto de opções para sua melhoria constante e as opções estão na mesa, mas a mu- dança depende só de você, porque a revolução já começou no mercado e o que você vai fazer? Estamos vivendo tempos difíceis e a expressão “eu pinto há 20 anos” infelizmente, ou felizmen- te, não convence mais ninguém. Está na hora de apresentar outras competências, ser solícito e, como já escrevi em outro artigo, o “faça você mesmo” vai tomar conta das pequenas pinturas, e temos que encarar essa nova realidade! Mente aberta, oportunidade para novos aprendizados e foco estratégico são as palavras de ordem para transformar o pequeno pintor em um grande profissional e, por favor, a partir de hoje, não precisam dizer quantos anos de pintura vocês têm, digam apenas que é um pintor profissional, com competência e informações específicas para tal. Em tempos de grandes concorrência, se o cliente souber diferenciar o joio do trigo, já colo- ca o pintor profissional um passo à frente nessa eterna retórica de tempo de serviços prestados na pintura. Fica a dica!

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