Show do Pintor Profissional - Edição 215

SHOW DO PINTOR • MARÇO 2021 22 MÃO DE OBRA FEMININA Tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei (PL) 5358/20, que visa priorizar a participação das mulheres no setor da construção civil, preenchendo, no mínimo, 5% dos seus postos de trabalho operacionais. A cota deverá ser cumprida em cada estabelecimen- to, empreitada ou obra em execu- ção. A proposta inclui a medida na Consolidação das Leis do Trabalho. A presença feminina na construção civil já é fato, mas os números são bem inferiores se comparados à participação dos homens. O setor ainda é dominado pelo sexo mas- culino, mas elas estão alcançan- do o seu espaço. Nos últimos dez anos, o Ministério do Trabalho e Emprego estima que a absorção de mulheres na construção civil cresceu quase 50%, e que mais de 200 mil mulheres trabalham no setor atualmente no Brasil. Lem- brando que este número pode ser maior, já que os dados não com- putam as mulheres que atuam de maneira autônoma. A tendência é de aumento dessa participação, porque a tecnologia está avançando e o esforço físi- co sendo substituído por técnicas modernas. Enquanto a força bruta for necessária, há regras que asse- guram a sua integridade física na obra. Uma delas é a Norma Regu- lamentadora (NR) 17, que trata da ergonomia na construção civil. No parágrafo 17.2.5, determina-se que MULHERES À OBRA SETOR AINDA É DOMINADO PELO SEXO MASCULINO, MAS ELAS ESTÃO ALCANÇANDO O SEU ESPAÇO as mulheres devem carregar peso máximo inferior àquele admitido para os homens. A anatomia cor- poral dos dois sexos é diferente em relação à força muscular absoluta, sendo que a da mulher é 63,5% da força média do homem, segun- do dados da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (SBME). No mercado, também há inúme- ras empresas que disponibilizam serviços de construção realizados somente por mulheres. Uma de- las é a M’Ana, que presta serviços de manutenção residencial ex- clusivamente feminina. As pro- fissionais fazem instalações de prateleiras, cortinas e quadros, montagem de móveis, elétrica, pin- tura, hidráulica, drywall e muitos outros. A empresa também ofere- ce diversos cursos para mulheres e atende prestado em São Paulo. Já a plataforma digital Diosa ofe- rece diversos serviços: elétrica, hi- dráulica e decoração. A startup tem como um de seus diferenciais ser formada somente por profissionais mulheres. No momento, a empre- sa atende Porto Alegre, Região Me- tropolitana e litoral gaúcho. As mu- lheres interessadas podem fazer o cadastro na plataforma da empresa e fazer parte da startup; e sempre que realizarem um serviço graças à plataforma, dividem parte do valor recebido com a Diosa. Simi- lar ao serviço prestado pelo Uber, mas focado na construção. Uma das pioneiras neste segmento é a Concreto Rosa, localizada no Rio de Janeiro. Além do trabalho, a em- presa é muito engajada na questão social, ao debater os direitos das mulheres e abordar com frequên- cia diversas dificuldades enfrenta- das pelo sexo feminino. AS DONAS DA OBRA Simone Ramos de Souza vem de fa- mília de profissionais da construção civil. Ela está no ramo há 25 anos e vem acompanhando de perto a in- clusão feminina. O pai era mestre de obras e levava para trabalhar as sete filhas, o filho e a esposa. Ele ensinou o ofício para todos. Quando ela começou realizando o trabalho de pedreira, a aceitação do sexo feminino era muito dife- rente e o espaço restrito, mas com o auxílio do pai, os clientes come- Manuela Silva da Rocha, pintora çaram a ganhar confiança no seu trabalho e os colegas de profissão a reconhecer os seus diferenciais. “No meu caso, a indicação ajudou muito a derrubar as barreiras do preconceito. Os clientes começa- ram a me conhecer quando ajuda- va o meu pai, depois começaram a me indicar e os colegas de obra me chamavam quando estavam com obra grande. A indicação sempre foi muito importante”. Simone per- cebe que o espaço da mulher foi se expandido e melhorou bastante a aceitação do início da sua carreira para hoje. “Antigamente a mulher ajudava na obra, nunca coordenava o serviço. Hoje, somos seguras do nosso potencial e capacitadas para fazer o serviço completo e não ape- nas auxiliar. ” Mesmo tendo sucesso como pe- dreira, Simone percebeu que falta- va algo em sua profissão e sentiu- -se totalmente realizada quando especializou-se em pintura. “Fico totalmente realizada quando es- tou pintando, esqueço até de co- mer e beber água no trabalho, concentrada na pintura. Entrar em um cômodo sem cor e sair com ele todo pintado não tem preço.” Manuela Silva da Rocha começou na profissão há 4 anos. Trabalhava em uma casa de tratamento para dependentes químicos e, quando a Futura Tintas fez uma ação social pintando o espaço, ela se apaixo- nou pelo universo das cores. Bus-

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