Show do Pintor Profissional - Edição 222

SHOW DO PINTOR • OUTUBRO 2021 19 placas de gesso pré-montadas; primeiro encaixamos as placas, vedamos os cantos e pintamos a superfície, mas algumas já vêm pintadas de fábrica”. Yoshikawa esclarece que, apesar das tecnologias, ele tem convicção de que um bom profissional consegue realizar uma pintura de excelência, tanto no Brasil quanto no Japão. “Claro que terá diferença de durabilidade, mas garan- to que, em qualquer lugar no mundo, é possível realizar uma boa pintura.” O pintor tem o sonho de levar conhecimento adquirido para o Brasil e já teve diversas oportunidades de retornar para o país natal, mas enxerga que o momento ideal de voltar ainda não chegou. “Eu já recebi convites para voltar para o Brasil para atuar na área de impermeabilização, mas fiquei re- ceoso de retornar, uma proposta foi da Petrobras. No ano que vem, desejo voltar pra visitar a família, quem sabe realizo alguns trabalhos. Gosto mui- to do serviço dos brasileiros, principalmente textura e serviços criativos.” O japonês valoriza o serviço de pintura, mas é preciso de excelência e não há espaço para quem não é cuidadoso. Ele descreve que o profissio- nal que não tem esse perfil fica mais no segmento de limpeza pós-obra. Yoshikawa é brasileiro, mas aprendeu a técnica de pintura com japoneses e relata que um dos aprendizados mais preciosos que lhe foram ensinados é queoprofissional precisa retribuir a confiançaque lheédada. “Acasaqueestá pintando não é a do pintor, mas o serviço precisa ser feito como se ele fosse morar lá, com amor e carinho. Segui esse conselho que me foi dado e, hoje, tenhoaminha empresa, a YoshikawaPaint. Aprendimuitoe atéensinoo japo- nês, oquenuncapensei que seriapossível, porqueéumpovomuito rigoroso.” Com frequência, o pintor recebe ligações de brasileiros perguntando se ele tem interesse em empregar brasileiros. “Quando tenho vaga disponí- vel, eu consigo arrumar serviço para quem estiver disposto a trabalhar, mas tem que realmente querer. A ocupação em si não é pesada, mas vejo al- guns brasileiros se queixando da carga horária. Entramos na obra por volta das 8 horas e saímos às 5 horas da tarde, com pausas para as refeições.” Hoje, Yoshikawa tem a sua empresa, mas já passou por inúmeras dificul- dades no país e certa vez levou um prejuízo tão grande que quase entrou em desespero. Durante os mais de 30 anos de Japão, percebeu que não se trabalha apenas por dinheiro e o profissionalismo deve agir independente- mente do valor cobrado. “Dinheiro pode acabar, o amor e carinho pela pro- fissão não. O freguês é um Deus, se ele contratou o seu serviço é porque ele trabalhou também para conseguir e precisa ficar satisfeito. Dinheiro pode oscilar, o respeito pelo cliente não pode”, acredita o pintor. CASAL NA OBRA Fernando Vicente (na foto, ao lado de sua esposa) trabalha com pintura há sete anos e já tem grande história e atuação na área. Durante anos partici- pou ativamente na diretoria do MBPM e, hoje, é sócio fundador da Nf3 Pinturas & Empreendi- mentos. Além dele, a empresa tem mais dois pintores fixos, e alguns temporários são aciona- dos quando a agenda está cheia. Em dezembro do ano passado, a sua esposa, Fabiana Guerlandi Costa , ficou desempregada, em decorrên- cia da crise da pandemia. Ela atuou por anos lecionando para crianças. Foi então que Fernando teve a ideia de introduzir a companheira no universo da pintura - ela amou a ideia. Nos primeiros meses, levaram algumas questões familiares para a obra, mas logo perceberam que precisariam separar os dois ambientes. “Aprendemos a dividir o casal da empresa e, quando acha- mos o equilíbrio, flui bem melhor. Agora, a questão que sempre deixei bem claro para a Fabiana é que ela teria o tratamento igual a todos os funcionários. Quando necessário, teria que refazer algum serviço que não atingiu o nível técnico adequado. Não posso dar nenhum tipo de tratamento especial. Essa conversa tivemos antes dela começar e nunca tivemos problemas em trabalhar juntos”, conta o pintor. Vicente e Fabiana descrevem que a decisão de atuarem juntos foi uma es- colha de toda a família, inclusive das duas filhas do casal. “Vejo essa opção como um desenvolvimento familiar e empresarial. Agora, toda a nossa famí- lia é uma empresa também, inclusive as filhas de 8 e 13 anos. Contamos que, para conseguirmos evoluir como empresa, o apoio e com- preensão das duas é fundamental. Tanto que elas ajudam efetivamente nos afazeres domésticos após o período de aulas, já que os pais estão fora de casa, e a filha de 13 faz as edições dos vídeos da empresa, fez até curso e é super empenhada em colaborar. As meninas sabem que o caminho será longo, mas todos vão colher os frutos”, conta o casal. Há a percepção de que a equipe da Nf3 Pinturas & Empreendimentos fi- cou melhor depois da entrada de Fabiana. Uma das mudanças foi a união da equipe em ajudar quem está iniciando e, como resultado, todos ficaram mais participativos. “Vejo que ela tem uma dúvida que, muitas vezes, é de outro pintor também, ele não pergunta por vergonha e, quando alguém en- sina uma técnica para ela, automaticamente todos que estão no local apren- dem. A obra ficou mais criativa, os funcionários ficaram mais à vontade em ensinar e aprender”, percebe Vicente. Em breve, a Nf3 vai crescer: uma nova empresa será inaugurada no negócio da família, focada em empapelamento de obra. “Logo no início, aprendi que a proteção da área é a primeira função da pintura, mas dentro de uma obra, a pintura geralmente é o último processo. Se o ambiente não for protegido no começo, o cliente pode ter muitos móveis danificados. Eu já trabalhei em um apartamento no qual o cliente fez uma grande reforma e, ao término, fomos contratados para pintar. Assim que iniciei o trabalho de proteção, o proprietário comentou que não conhecia esse tipo de trabalho e disse que, se esse cuidado tivesse acontecido no início da obra, ele não teria danifica- do parte do piso”, descreve Fabiana. A nova empresa será desenvolvida para atender esse tipo de cliente, que deseja ter o seu imóvel protegido durante todo o processo da reforma e não somente no momento da pintura. Em seguida, o casal deseja ampliar e criar outra empresa focada na limpeza pós-obra. “Proteção de obra não é jogar uma lona para cobrir os móveis, tem toda uma técnica e produtos específicos. Eu me identifico muito com a proteção; quando o cliente abre a porta da casa dele, está confiando que o espaço será entregue melhor do que estava antes. Tenho que cuidar commuito zelo e atenção”, explica Fabiana. PINTOR FAMOSO Do dia para a noite, João Carlos Apo- lonio (foto) ganhou fama e mudou para melhor a sua vida. Tudo co- meçou após um vídeo em que ele aparece contando que foi expulso de um rodízio de massas do Ragaz- zo após repetir a comida 15 vezes. O gerente do restaurante propôs que o pintor se retirasse do estabeleci- mento sem pagar a conta, desde que ele parasse imediatamente de pedir

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