Show do Pintor Profissional - Edição 230

SHOW DO PINTOR • JULHO 2022 30 ARTIGO No final da década de 80, a Tintas Coral, na épo- ca empresa do Grupo Bunge, iniciou uma busca no mercado mundial para identificar o que teria de mais interessante em termos de inovação. Fazia parte de sua estratégia fortalecer sua posição de liderança na América do Sul, porém, como vice-lí- der no Brasil, principal mercado da região, também como ferramenta para agregar imagem de tecno- logia e, consequentemente, ganhar market share. Acabou identificando essa grande oportunidade nos sistemas tintométricos. Oportunidade essa que iria muito além de simplesmente aumentar sua imagem de inovação frente à marca líder Suvi- nil - BASF, e com isso ganhar participação de mer- cado. O sistema traria inúmeros outros benefícios e vantagens para a própria empresa e, também, para toda a cadeia de tintas. O sistema existe nos Esta- dos Unidos desde os anos 50 e na Europa Ocidental desde a década de 70. São mercados de tintas mais maduros e onde o sistema domina a comercializa- ção das tintas coloridas de acabamento, principal- mente em se tratando do mercado americano e de alguns países da Europa Ocidental e Ásia. A Tintas Coral começou o desenvolvimento do projeto, no início de 1990. Foram praticamente dois anos de intenso trabalho até o lançamento, em 1992. Na época, eu era executivo de tintas na Coral e respon- sável pelo desenvolvimento e lançamento pioneiro do sistema tintométrico no Brasil e região Merco- sul, o que me proporcionou o 1° Top de Marketing do mercado brasileiro de tintas. O lançamento na região, com destaque para o Brasil, foi um marco na história mundial de tintas, como a primeira região a lançar o sistema, inician- do já com máquinas dosadoras automáticas. Os novos mercados, até então, sempre iniciavam com máquinas manuais e evoluíam com o tempo para SISTEMA TINTOMÉTRICO IMOBILIÁRIO CELEBRA 30 ANOS DE SUA CHEGADA AO BRASIL Por: Sergio Dennis Campéas, consultor em gestão e planejamento, prioritariamente, para o mercado de Tintas Decorativas máquinas semiautomáticas e, depois, automáticas, copiando o que no passado ocorreu nos EUA e Eu- ropa. Isso acelerou o desenvolvimento tecnológico na nossa região. Nosso parque de máquinas, hoje, é substancialmente representado por equipamen- tos automáticos. Segundo dados da Abrafati, o Brasil é um dos cinco maiores mercados mundiais para tintas. Fabricam-se no País tintas destinadas a todas as aplicações, com tecnologia e competência comparáveis aos mais avançados centros mundiais. Isso possibilitou não ser barreira para que os principais fabricantes de sis- temas tintométricos estejam atuando no Brasil com seus equipamentos de última geração, competindo com alguns fabricantes locais. Destaque para Fluid Management, Corob e Santint do Brasil, que dividem essa liderança e competitividade no momento. No caso de agitadores, uma empresa nacional aparece com muito boa participação: Tintomatic. A cada período, surgem novidades no sistema tin- tométrico, agregando tecnologia, serviços e bus- cando a fidelização de clientes. “Na linha decorati- va, a Santint apresenta, dentre suas novidades, as dosadoras de tintas de alta precisão A3H e A3HS. Entre as inovações importantes que lançamos, des- taco a possibilidade de preparar amostras de 50ml a 150ml, diretamente no mesmo equipamento, com alta precisão, através dessas nossas Dosadoras Hummingbird”, aponta Marcos Garcia, diretor geral da Santint do Brasil. A Fluid Management traz novidades na sua linha de dosadoras AccuSmart. “Essa linha chega com os modelos AS7500 e AS9500, equipamentos robustos de última geração e alta produtividade, com várias inovações tecnológicas, com destaque para o novo sistema DPI (Dew Point Intelligent) que reduz a ne- cessidade de manutenção diária do equipamento”, comenta Lucas Cyrino, diretor de vendas da Fluid Management para a América do Sul. A Fluid Management tem realizado lançamentos simultâneos entre o mercado brasileiro e demais países latino-americanos. “O fato de sermos o prin- cipal fornecedor em vários grandes players do mer- cado e que também atuam na região, nos obriga a manter uma linearidade global em nossa atuação”, revela Lucas Cyrino. Estima-se que, no Brasil, nestes 30 anos, entre tro- ca de máquinas já obsoletas e máquinas para novos pontos de venda, foram mais de 30 mil sistemas ins- talados. No país, apesar desses números, o sistema ainda não tem a representatividade que possui nos EUA e Europa Ocidental. Estima-se que, hoje, exis- tam perto de 15 mil pontos de vendas com bemmais de 20 mil sistemas efetivamente funcionando. Essa posição representa uma excelente distribuição pon- derada cobrindo praticamente 100% das principais lojas do varejo, várias delas commais de um sistema no mesmo ponto de venda. Em contrapartida, nossa distribuição numérica ainda pode ser considerada muito baixa, demonstrando um potencial de cresci- mento em médios e pequenos revendedores. A demanda de tinta colorida, via sistema, vem cres- cendo ano a ano acima dos acabamentos Ready Mix (tinta colorida pronta), mas há ainda muito po- tencial de crescimento a estimular e explorar. Ter o equipamento na loja é bem mais que um dife- rencial mercadológico, pois permite ter uma oferta muito maior de cores com um estoque substancial- mente menor, o que representa um forte compo- nente financeiro para o fluxo de caixa da empresa. Uma loja de tinta, tipicamente brasileira, temmuita cor pronta estocada. Isso ocupa espaço e é dinheiro parado para o empresário; além disso, se o consu- midor quiser uma tonalidade de verde específica, de que adianta a loja ter três ou quatro tons de azul que não atendem sua necessidade? O setor de material de construção é parte integran- te do complexo denominado ConstruBusiness, que representa entre 9% e 10% do PIB brasileiro. No Brasil, segundo a Anamaco, o setor contabiliza mais de 130 mil lojas de material de construção em todo o País, onde relevante parcela trabalha com tintas, o que demonstra ainda uma boa expectativa de crescimento da distribuição numérica do sistema. Apesar de muitas associações e pesquisas setoriais considerarem que são mais de 500 indústrias pro- duzindo tintas decorativas - entre grandes, médias e pequenas, apenas 6% a 7% das indústrias de tinta decorativa no Brasil trabalham efetivamente com sistema tintométrico. Sabemos que temos poten- cial de aumentar esses números, sabendo que nos EUA, parte da Europa Ocidental e em alguns Países Asiáticos, esses números cobrem entre 70% e 95%, tanto no varejo como nas indústrias. Existe ainda a oportunidade de se criar alguns recur- sos ou aplicativos importantes de serem adiciona- dos aos sistemas tintométricos para melhorar ainda mais seu desempenho e criar demanda, o que pou- cos players, seja da indústria ou do varejo, utilizam. Esses aplicativos e o sistema tintométrico podem ser uma ferramenta ainda mais eficaz e estratégica neste período pós Pandemia, em função das parti- cularidades geradas no novo normal, o crescimento do trabalho em Home Office e os maiores cuidados com os lares e o incremento das compras por apli- cativos. Nos últimos anos, a venda das cores pelo sistema no Brasil vem crescendo acima da venda de cores prontas. Isso remete a um potencial cres- cimento e distribuição de equipamentos. Um dos pontos chave para o crescimento é tanto as fábricas como os lojistas, se conscientizarem e perceberem claramente todas as vantagens que o sistema gera para toda a cadeia e substituírem gradativamente as cores prontas.

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