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Vendas internas e exportações de produtos químicos de uso industrial caíram em maio

06/07/2018 - 12:07

Segundo estimativas da Associação Brasileira da Indústria Química - Abiquim, o impacto da paralisação de caminhoneiros, no fim de maio e início de junho, no faturamento do segmento de produtos químicos de uso industrial, pode ter chegado a uma redução de 50% das receitas, que poderiam ter sido obtidas em um período “normal” de vendas.

Em maio, o índice de vendas internas registrou recuo de 17,54%, sobre o mês anterior, enquanto as exportações, em volume, foram reduzidas em 12,2%. Também pelas mesmas razões, o volume importado caiu 11,1%. No acumulado de janeiro a maio de 2018, o índice de produção exibiu retração de 5,54%, enquanto as vendas internas tiveram recuo de 0,12%, o volume de importações caiu 20,2% e o volume das exportações recuaram 29,8%. Essas variáveis impactaram a demanda interna por produtos químicos nos cinco primeiros meses do ano, sobretudo pela queda da produção e das importações. O consumo aparente nacional (CAN), que mede a produção mais importação menos exportação dos produtos químicos de uso industrial, recuou 8,7% de janeiro a maio, sobre igual período do ano passado.

Em meio ao quadro difícil soma-se a pressão pela alta de preços dos produtos químicos no mercado internacional, puxada pelo petróleo, que subiu 12,1% em maio sobre abril e 32% nos cinco primeiros meses do ano em relação ao mesmo período de 2017; e pela nafta petroquímica, que subiu 19,7% em maio sobre abril e 27,4%, nos cinco primeiros meses de 2018, em relação ao mesmo período do ano passado. Variações calculadas a partir dos preços internacionais convertidos para reais.

Como o setor químico nacional não é formador de preços, mas sim tomador, houve impacto na precificação dos produtos no mercado local, em decorrência da combinação da alta das matérias-primas básicas e também do dólar. O índice de preços subiu 1,42% em maio, quinta alta consecutiva, acumulando 10,3% nos primeiros cinco meses deste ano.

Em meio a esse cenário de dúvidas e incertezas, de muitas flutuações e pouca atratividade, o governo Federal resolveu extinguir o Regime Especial da Indústria Química (REIQ) a partir de setembro de 2018 e reduzir a alíquota do Reintegra (que era de 2% neste ano e de 3% a partir de janeiro de 2019) para 0,1% apenas do valor exportado a partir de junho. O REIQ, fruto de ampla negociação e discussão iniciada no Plano Brasil Maior, previa alíquotas fixas entre 2013 e 2015 e a retirada escalonada do benefício a partir de 2016, atingindo em 2018 a alíquota definitiva máxima.

Segundo a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, e especificamente em relação ao REIQ, os fatores que levaram à sua criação continuam válidos ou até mesmo foram reforçados. “O setor químico é altamente estratégico para a indústria nacional e para o País, uma vez que se encontra na base de diversas cadeias produtivas, e a extinção do programa, de forma unilateral, gerará impactos danosos, com efeitos diretos sobre o aumento de custos das diferentes cadeias. Ainda há a necessidade de reverter o déficit atual da balança comercial brasileira de produtos químicos, cuja previsão é a de que alcance cerca de R$ 25 bilhões em 2018. O cenário macroeconômico de 2013 e o cenário de 2018 mantém a indústria química fortemente desafiada a permanecer competitiva, fator comprovado pelo nível baixo de utilização de capacidade instalada, atualmente em torno de 74%. A indústria química norte-americana e de outros países, como Argentina, têm perspectivas de serem ainda mais favorecidas pelo abastecimento do shale gas, matéria-prima alternativa à nafta petroquímica, com preço muito inferior aos praticados no mercado nacional, cenário agravado pelas recentes altas do barril de petróleo”.

Para Fátima, eliminar o REIQ sem prévias discussões com o setor, representará forte elevação de custos para as empresas. “Além de reforçar a recorrente incerteza regulatória que tanto compromete o ambiente de negócios do País e as decisões de novos investimentos. Essa perda pode inviabilizar decisões tomadas anteriormente e que se valiam de uma condição de custos definidas para este ano”, avalia.

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