Sistema Wood-Frame: casas de madeira mais rápidas, baratas e sustentáveis

03/07/2019 - 10:07

Por: Silvio Lima, gerente comercial da Montana Química

O sistema construtivo Wood-Frame, amplamente utilizado em países mais desenvolvidos economicamente, ainda é pouco conhecido no Brasil. É uma realidade que chega a ser paradoxal, já que nosso país enfrenta um deficit habitacional de 7,75 milhões de moradias, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e precisa de métodos construtivos cada vez mais rápidos, baratos e sustentáveis.

Atualmente, quase a totalidade das residências suecas, canadenses e americanas é construída segundo uma concepção construtiva que consiste numa estrutura feita por perfis de madeira - o Wood-Frame ("moldura de madeira", na tradução literal em português), que pode ser traduzido livremente como "armação de madeira", ou mesmo como "estrutura autoportante de madeira".

É um sistema caracterizado pelo uso de uma estrutura de perfis leves de madeira contraventadas com placas estruturais de derivados de madeira que, montadas em conjunto, dão maior rigidez, forma e sustentação à edificação. É uma estrutura totalmente pré-fabricada. Primeiro, constrói-se a estrutura de madeira, seguida do isolante térmico e da cobertura de vedação. O controle de qualidade é feito inteiramente na indústria.

A casa chega completa ao "local de construção", transportada por caminhão. É geralmente colocada sobre uma base de concreto (para evitar o contato direto da madeira com o solo, ampliando a resistência contra fungos apodrecedores e insetos xilófagos).

É um sistema que garante um controle maior na qualidade e precisão no uso de materiais, reduzindo em 85% a geração de resíduos, em 90% o uso de recursos hídricos e acelerando em até três vezes o processo construtivo (uma casa comum pode ser construída de sete a dez dias, em média), tornando-o mais eficiente do que os demais, uma vez que a produção não sofre impacto com as condições climáticas.

Um estudo do Athena Institute, do Canadá, realizou Análise de Ciclo de Vida (LCA) de alguns materiais de construção. Ao comparar a construção de madeira com a de aço e a de concreto, fica claramente demonstrado que a primeira apresenta os melhores valores para estes seis quesitos: energia primária, potencial de aquecimento global, poluição do ar, poluição da água, uso de recursos, resíduos sólidos.

O sistema tem evoluído. Atualmente, já é possível chegar a revestimentos e acabamentos mais versáteis e resistentes, com o uso de placas de OSB (Oriented Strand Board, ou painel estrutural de tiras de madeira). Já o CLT (Cross Laminated Timber, ou madeira laminada cruzada) tem sido visto como uma tecnologia revolucionária no segmento, ao permitir a construção de prédios altos com uso mínimo de estrutura de aço.

Quanto mais divulgarmos os benefícios do uso da madeira na construção civil, mais conseguiremos romper os mitos que ainda rondam esse assunto. Ainda há muito que ser enfrentado, como a instalação de uma cultura do concreto no país; carência do tema nas grades curriculares de universidades; maior complexidade de cálculo de arquitetos e engenheiros para o uso da madeira nas obras; e até isolacionismo dentro do setor - o que, às vezes, pode gerar uma guerra de preços que prejudica a qualidade do material ao consumidor.

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