Revista Paint & Pintura - Edição 196 - page 20

entrevista
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| Paint&pintura | Jan/Fev2015
foram terminados em 2014, e aí sim vimos uma
queda nesse consumo, comparando os nossos
números de tintas com os números de vendas
dematerial de construçãodeuma forma geral,
ou dos fabricantes demateriais de construção
paraqueocomérciorevenda,comofazemos,ou
mesmo comos números dados pelas revendas
demateriaisdeconstruçãopelaAssociaçãodos
Revendedores deMateriais de Construção, e
essesdois índicesestãobastantealinhadoscom
osnúmerosque temosvistoatéagoraem2014,
ou seja, queda.Oquenos levaaconcluirqueos
nossosnúmerosmostramquea tinta imobiliária
em2014 teveumaquedaem termosdevolume
físicoversusoanode2013, levandoemconside-
raçãoessesdoisaspectos,emtornode1,5%e2%.
Revista Paint & Pintura: Quais os
principais entraves do crescimento
dosváriossegmentosdetintas?
Dilson Ferreira:
O nosso setor, direta ou
indiretamente, é afetado por três variáveis
da economia. O Produto Interno Bruto (PIB),
que mostra o crescimento econômico do
país, isso naturalmente se reflete nos nossos
negócios. O segundo item é a taxa de juros, não tanto pelo custo
do dinheiro para os fabricantes de tintas, mas o quanto a taxa de
juros influencia, positiva ou negativamente, a compra de produtos
pintados: quantomais barato o custo do dinheiro emenor a taxa
de juros,mais atrativoépara as pessoas comprarembens duráveis
e pagarem a umprazomais longo, ou seja, há umpoder aquisitivo
maiorpelofinanciamento,eomercadocrescequandoos jurosestão
mais baixos. Estou falando do próprio automóvel, da residência, e
tambémdoseletrodomésticos, imobiliário,quesãobensmaiscaros
que podem ser comprados à prestação, e que comos juros baixos
são favorecidos.Porém,oquevimosem2014 foi umaumentodessa
taxa de juros, o governo preocupado com a inflação usa a taxa de
juroscomoummeiodedesestimularademanda,oque fazcomque
ospreçosaumentem,ecom issosecriaa inflação.Emminhaopinião,
issoéumerro, pois osmotivos pelos quais estamos tendo inflação
nãoéporquehajaumademandatãoforte,poisexistedisponibilidade
parafornecer,ea indústriatemcapacidadeparaproduzirmais,então
não necessariamente há um aumento de custo só porque tem um
poucomais dedemanda. A inflaçãoexisteem funçãode aumentos
de custos causados por uma taxa tributária alta, aumentode custo
causado por uma complexidade burocrática que temos e que faz
comqueoscustossejammaisaltos, taxadosporuma logísticamuito
ruimemtudoquedizrespeitoatransporte,distribuiçãodeprodutos
e também pelo fato de o governo estar num processo de contas
públicas com déficit ou superávitmenor do que devia, com déficit
maior, e consequentemente o governo precisa colocar papéis no
mercadoparasesubsidiar,eessespapéissóencontramcompradores
se os juros forem atrativos. Esses fatores fazem com que os juros
subam,e impactemna indústriadetintas indiretamente,diminuindo
ademandadosprodutospintadosvendidosaprazo.
Ataxade juroséumdosfatoresqueestáfazendocomqueomercado
nãoesteja crescendo comodeveria. Falei doPIB, da taxade juros e
vou falar agora da taxa do dólar. O câmbio tem várias implicações
naeconomiae todasacabamnosafetandodiretaou indiretamente.
Quandoorealédesvalorizado,ouseja,quandoataxadodólarsobe,
issoéum incentivo àexportaçãoemprodutos eumdesincentivo à
importação, então aparentementeo câmbio temum impactoposi-
tivono sentidodeoBrasil poder exportarmais os seus produtos e
importarmenosprodutosconcorrentes.
Nocasodas tintas,umexemplodissoéoautomóvel,que tem incen-
tivo da taxa do câmbio. Mesmo o Brasil estandomais competitivo
por causa do câmbio, omercado não absorve, porque aArgentina
estánumacrisemuitograndeenãose temessebenefício.Eoefeito
diretona indústriadetintasdorealdesvalorizadoeodólarvalorizado
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