Show do Pintor Profissional - Edição 219

SHOW DO PINTOR • JULHO 2021 9 RESPONSABILIDADE SOCIAL NA CONSTRUÇÃO CIVIL Ao iniciar o curso de enge- nharia, Cardoso teve cons- ciência de que os seus pro- blemas respiratórios eram decorrentes da habitação inadequada em que vivia e percebeu que muitos dos seus vizinhos residiam em casas com problemas simi- lares. O jovem teve a ideia de criar uma empresa para oferecer reformas com qualidade para famílias de baixa ren- da, com custo acessível e financiada, foi criada então a Moradigna. A primeira cliente do rapaz foi a mãe, e em pouco tempo os vizinhos do local começaram a solicitar o servi- ço. Hoje empresa tem 6 anos e atua na capital de São Paulo, temmais de mil reformas executadas. A Moradigna oferece serviços de reforma em geral, mas Cardoso descreve que a queixa de infiltração é frequente entre os clientes e a maioria das casas em que atua não teve um processo adequado de estanqueidade na fundação do imóvel; nesse caso, corrigir é mais caro do que prevenir. Assim como a Moradigna, há outras empresas de reformas com foco em eli- minar as insalubridades das residências populares; a Nova Vivenda é outra empresa de grande atuação no segmento social. CAUSADORES A origem do problema podem ser as mais diversas, desde rachaduras, trin- cas, fissuras, fungos, infiltrações, bolor e mofos e corrosão de armaduras em concreto, causadas por umidade da construção, de precipitação, por ca- pilaridade (umidade do solo devido à existência de lençol freático) ou infiltração por falhas no sistema hidráulico. Para cada uma delas, exis- tem hoje alternativas para corrigir e minimizar de for- ma eficaz essa incidência, evitando maiores danos aos imóveis. O ideal é, desde a fundação da obra, consi- derar a impermeabilização. Para edificações já concluí- das e que sofrem desse pro- blema, um ponto de atenção que deve ser considerado é a ação não apenas no pon- to de mofo/infiltração, mas também na detecção de suas causas e correção desse problema, num tratamento completo para corrigir e evi- tar problemas futuros. MÃO DE OBRA CAPACITADA Não são raros os casos de clientes que contratam o serviço da Moradigna para refazer um serviço, quando, por exemplo, o proprietário da casa já ha- via tentado resolver o problema, investindo tempo e dinheiro, sem suces- so. “Infelizmente, a falta de capacitação ainda é frequente nesse segmento. Criou-se um mito de que, azulejando a área afetada, acaba a infiltração, o que não é verdade. Já visitei residências com azulejos nas paredes do quarto e sala como tentativa de solução, mas o ambiente fica ainda mais gelado e continua infiltrando água”, conta Cardoso. Para o fundador da empresa, para resolver parte do problema, é preciso in- vestir em capacitação da mão de obra. Uma das soluções que ele encontrou foi oferecer cursos aos seus prestadores de serviço, com o auxílio dos seus parceiros. “A Moradigna tem parceiro fornecedor de tinta, impermeabilizante, cimen- to e muitos outros. Em união com essas empresas, oferecemos cursos de capacitação e reciclagem para os pedreiros que estão trabalhando conosco. Sempre damos preferên- cia por contratar mão de obra local, contribuindo também para evoluir a mão de obra local.” O pintor pode ser um grande alia- do no combate à infiltração, pois é muito comum esse profissional se deparar com problemas de umida- de e mofo ao fazer um orçamento. Nesse momento, ele pode indicar a solução correta para resolver o pro- blema, agregando a solução ao seu orçamento. Douglas Michell Ferreira Santos Silva é pintor há 15 anos e, ao ini- ciar na profissão, percebeu que, para fazer um trabalho completo na pintura e entregar um resultado duradou- ro ao cliente, seria necessário adquirir conhecimento na área de impermeabilização. “Logo nos primeiros anos na profissão, já vi a necessidade em voltar a estudar e até hoje participo de cursos que os fabricantes de impermeabilizantes oferecem. É preciso manter constante reciclagem no aprendizado.” Na opinião do profissional, a quantidade de pintores aptos a re- alizar o trabalho de maneira efetiva está aumentando, mas ainda são poucos os totalmente capacitados. “É inegável que os colegas têmmaior consciência da importância de fazer os procedimentos corretos, mesmo assim, ainda há muito a aprender e, quando o serviço é mal feito, o cliente sofre muito”. Além do gasto financeiro, a obra incorreta afeta a qualidade de vida do morador. Silva descreve que, no início do ano, foi contratado para pintar uma sala mofada. A proprietária, ido- sa, queixou-se e comentou que ele seria o terceiro profissio- nal contratado para arrumar o mesmo problema. “Por causa da pandemia, ela não está saindo, ficar dentro de casa com as paredes naquele estado é pior ainda. Fiquei sensibilizado, sempre sou caprichoso nos meus trabalhos, mas, na casa des- sa senhora, eu dei o meu melhor e arrumei definitivamente o problema de infiltração. ” Douglas Michell Ferreira Santos Silva, pintor Matheus Cardoso, fundador da Moradigna

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